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Extração de óleo de soja com etanol e transesterificação etílica na miscela

Sabe-se que indústrias de biodiesel atuais contam com a fábrica de produção independente da fábrica de extração de óleo, o que causa problemas de logística, encarecendo o produto final e perdendo competitividade no mercado com o combustível diesel. Deste modo, como proposta de uma dissertação de Mestrado, Celso Tomazin Junior teve a pretensão de produzir biodiesel etílico a partir da miscela oleosa da soja extraído com o etanol como solvente. Para isso, foi estudada a produção de ésteres etílicos (biodiesel), a partir da reação direta no produto da extração do óleo de soja com etanol (miscela oleosa). 

Realizando a extração do óleo com etanol consegue-se uma micela que, resfriada à temperatura ambiente, produz uma fase oleosa capaz de gerar ésteres etílicos com rendimento favorável. Para a produção de biodiesel foi utilizado o álcool etanol, que por apresentar miscibilidade com o óleo, favorece a reação à temperatura ambiente. As condições experimentais para extração do óleo foram 1:2 de soja laminada:etanol anidro, à 78°C, com 4 etapas de 1 hora. Vale lembrar que a etanólise (reação do triglicerídeo com o etanol) é pouco influenciada pela temperatura e mais dependente do tempo de reação.

 Em suas observações, Júnior percebeu que na extração com etanol ocorre um pré-refino na miscela oleosa, que apresenta baixas concentrações de ácidos graxos livres e fosfolipídeos, quando comparada com a extração com hexano. Além disso, a micela oleosa obtida da extração apresentou pequena quantidade de etanol, que não interferiu no processo de transesterificação, ou seja, ela se apresentou apta à reação por ter sofrido um pré-refino.

 Para mais, um mesmo equipamento de extração funcionou também na produção de biodiesel. A eficiência do processo de extração de óleo pôde ser comprovada pelo teor de óleo residual mínimo obtido do farelo processado com etanol anidro (teor de 3,8% para 3 banhos e 1,5% para 4 banhos). Ademais, devido o etanol ser mais miscível com o óleo do que o metanol, a reação de transesterificação pôde ocorrer em temperatura ambiente sem perder rendimento. 

Em relação aos parâmetros da ANP, todos os resultados das análises se enquadraram em suas especificações, exceto o teor de glicerina. Porém, como a diferença foi de 0,01%, pôde-se relevar tal dado. 

Portanto, neste processo tem-se a aproximação das indústrias de extração de óleo com a de produção de biodiesel de etanol, que ainda pode se associar com a destilaria de etanol, integrando a produção e diminuindo custos de construção, operacionais, etc. Tudo estando em um mesmo complexo facilitaria o fluxo de estoques e produtos. Vale ressaltar que a produção agrícola esteja também próxima a esta hipotética indústria integrada.

Referência:

JUNIOR, C. T.. Extração de óleo de soja com etanol e transesterificação etílica na miscela. Piracicaba – SP. 2008. Disponível em: . Acesso em: Set. 2023.

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