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Diferenças entre o etanol de milho e de cana-de-açúcar

Etanol de Milho ou Cana-de-Açúcar?

Atualmente, no Brasil, a maior parte do etanol é produzido por meio da cana-de-açúcar. Em contraponto, nos EUA este cargo pertence ao milho. Nesse artigo, objetiva-se explorar as possibilidades de cada matéria-prima.

Sobre o surgimento da produção de etanol por meio dessas matérias-primas, ambas culturas tiveram o incentivo governamental para ser implantadas. No Brasil, o PróAlcool -criado em 1975 – foi o grande responsável por aumentar a produção de álcool. Já nos Estados Unidos, os produtores recebem subsídios do Estado para efetivar a produção de milho voltado para o etanol.

Primeiramente, é importante ressaltar uma das semelhanças entre essas duas culturas, que é o metabolismo C4. Resumidamente, este tipo de metabolismo evita a fotorrespiração e é mais comum em plantas de regiões de climas quentes e secos (com exceção da cana-de-açúcar), nos quais as altas temperaturas e a baixa disponibilidade de água limitam a fotossíntese. Essas plantas possuem a anatomia da folha e bioquímica específicas que as permitem concentrar CO2 em células especializadas. Esse processo permite com que as plantas capturem o CO2 de forma mais eficiente e que não percam tanta água através da transpiração.

Em relação ao milho, cada tonelada produz entre 370 e 460 litros de etanol. O etanol de milho possui maior necessidade de áreas cultiváveis, visto sua menor biomassa em comparação com a cana-de-açúcar. Além disso, necessita de processos adicionais para quebrar carboidratos mais complexos em monossacarídeos fermentáveis. Ademais, o único resíduo da produção é a vinhaça, proveniente da destilação, uma vez que o óleo de milho pode ser usado para a produção de biodiesel. Ainda há a possibilidade de produzir ração animal. O milho também é fácil de ser armazenado, com sua vida útil sendo de 2 a 3 anos. Entretanto, cada hectare de plantação de milho produz, aproximadamente, 5 toneladas desta cultura, a qual a produtividade, neste caso, é inferior a da cana-de-açúcar. Outro fator é a grande variação do preço do milho, em razão dele ser uma commoditie. Dessa forma, armazenar o milho para épocas mais rentáveis é de grande importância.

Em contrapartida, a cana tem, em média, uma produção de 70 toneladas por hectare. Além disso, produz cerca de 70 a 80 litros de etanol por tonelada. Este alto rendimento da cana-de-açúcar em relação ao milho é devido à alta concentração de sacarose dentro do caldo de cana, que pode ser facilmente convertido em etanol através da fermentação. Além disso, a produção de etanol utilizando a cana-de-açúcar como matéria-prima gera o bagaço como resíduo/subproduto, que pode ser reaproveitado para a geração de eletricidade ou etanol 2G, aumentando ainda mais o rendimento e a sustentabilidade do processo.

Portanto, podemos compreender que existem diversos fatores que interferem no momento de escolha da matéria-prima a ser adotada. O clima é um dos fatores mais importantes para esta escolha, haja vista que a cana-de-açúcar possui uma demanda de climas tropicais e que possuem um maior regime pluvial, enquanto que o milho exige climas temperados e chuvas moderadas (sendo a região centro-oeste estadunidense perfeita para o plantio). Logo após isso, tem-se a eficiência energética e o rendimento de cada matéria-prima, que são fatores consideráveis na escolha do plantio, além do impacto ambiental, que é um importante elemento à ser levado em conta.

  • Centro de Conhecimento em Bioenergia, Grupo Etanol

    Referências:

    https://www.piracicabaengenharia.com.br/etanol-de-cana-x-etanol-de-milho/

    https://www.biologyonline.com/dictionary/c4-plant

    https://www.udop.com.br/noticia/2007/04/13/quais-as-diferencas-entre-o-alcool-de-cana-e-o-de-milhoy.html

    https://blog.syngentadigital.ag/cana-de-acucar-como-o-clima-atual-pode-afetar-producao/

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