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HVO – O diesel verde renovável

Atualmente, o diesel fóssil, derivado do petróleo, é bastante utilizado no Brasil, principalmente no setor de transporte, que é responsável por mais de 85% do consumo nacional. O modal rodoviário é o que mais contribui para essa situação, demandando 96,5% do diesel fóssil destinado à atividade transportadora. Como o diesel de petróleo é poluente, além de não renovável, alternativas mais sustentáveis têm sido desenvolvidas, com foco na redução de emissões atmosféricas prejudiciais ao meio ambiente e à saúde da população, resultantes da produção e da queima de combustíveis.

HVO (Hydrotreated Vegetable Oil) é um óleo vegetal hidrotratado conhecido como diesel verde, diferentemente do biodiesel, não possui oxigênio em sua molécula. É um hidrocarboneto puro, por isso muito mais estável, considerado um combustível alternativo e renovável bastante promissor para a matriz energética nacional. Sua utilização praticamente zera a emissão de CO2 na atmosfera terrestre. Já ao longo do seu ciclo de vida ele emite de 50% a 90% a menos de GEE (gases de efeito estufa) em comparação com o diesel fóssil. Vale ressaltar que, o HVO reduz diversos poluentes emitidos quando o biodiesel é consumido, por exemplo: material particulado fino (MP) em 33%, hidrocarbonetos (HC) em
30%, monóxido de carbono (CO) em 24% e óxidos de nitrogênio (NO) em 9%.

Pela semelhança, o HVO pode ser misturado ao diesel comercial em qualquer quantidade, ou mesmo ser usado puro, sem prejudicar os veículos, sendo tão eficiente quanto o diesel fóssil. é ideal para ser utilizado em motores atuais sem a necessidade de adaptação. Além disso, para a produção do HVO, é possível utilizar a infraestrutura das refinarias de petróleo já existentes. A introdução do HVO pode aumentar a participação de fontes limpas e renováveis na matriz energética, colocando o Brasil em uma posição ainda mais privilegiada no cenário internacional. Por ser parafínico, um hidrocarboneto simples,
ele libera energia de forma mais fácil e rápida na combustão e deixa menos resíduos. A diversidade e a ampla oferta de matéria-prima são outros aspectos positivos do uso do óleo vegetal hidrogenado como combustível.

O HVO é produzido por meio de hidrotratamento, em que a matéria-prima reage com o hidrogênio em condições controladas de temperatura e pressão, formando um líquido parecido com o diesel de origem fóssil. Então, os óleos devem entrar em contato com hidrogênio sob alta pressão, para ser criado o combustível. Eles podem vir a partir de grãos, mamona, pinhão-manso, macaúba, canola, alga, gorduras animais, óleo de fritura e, até mesmo, lodo de esgoto.

O HVO e o biodiesel são combustíveis para o ciclo diesel derivados de biomassa renovável e produzidos a partir dos mesmos tipos de matéria prima. Enquanto o HVO é uma mistura de hidrocarbonetos (carbono e hidrogênio), o biodiesel é uma mistura de ésteres (carbono, hidrogênio e oxigênio). O HVO é produzido pelo processo químico de hidrotratamento (HDT), já o biodiesel é produzido por transesterificação por meio da qual a matéria prima reage com o metanol (álcool) para produzir um combustível bem distinto do diesel mineral.

Apesar de ser considerado um diesel verde, o processo produtivo do HVO não é “100% verde”, pois ele também necessita de insumos fósseis, no caso, o gás hidrogênio advindo do gás natural. O uso do HVO também pode aumentar o consumo de combustível dos veículos, se comparado com misturas de alto teor de diesel fóssil. Além do mais, infelizmente, o HVO ainda não é uma realidade brasileira, no nosso país, ele é produzido apenas em caráter experimental na Petrobrás e ainda não tem qualquer regulamentação. A depender das matérias-primas utilizadas, há competição com a produção de alimentos. Falando em custos, é provável que o diesel verde seja mais caro para os usuários finais que
o diesel convencional.

  • Centro de Conhecimento em Bioenergia, Grupo Biodiesel.

REFERÊNCIAS
AGÊNCIA NACIONAL DO PETRÓLEO, GÁS NATURAL E BIOCOMBUSTÍVEIS. N°
4/2020/SBQ-CRP/SBQ/ANP-RJ: Proposta de Regulamentação do Diesel Verde. Rio de
Janeiro, 2020.
ASSOCIAÇÃO NACIONAL DAS EMPRESAS DE TRANSPORTE URBANO. A revolução
do HVO. 2020. Disponível em:
https://www.ntu.org.br/novo/NoticiaCompleta.aspx?idArea=10&idNoticia=1279. Acesso em:
21 mar. 2020.
Balanço Energético Nacional 2019: Ano base 2018 / Empresa de Pesquisa Energética. –
Rio de Janeiro : EPE, 2019.
CHIAPPINI, Gabriel. HVO desponta como tendência para produção de diesel
renovável. 2020. Disponível em:
https://epbr.com.br/hvo-desponta-como-tendencia-para-producao-de-diesel-renovavel/.
Acesso em: 23 mar. 2020.
DESPOLUIR. Conheça o diesel verde, biocombustível apontado como substituto
promissor do diesel derivado de petróleo. 2019. Disponível em:
www.despoluir.org.br/Clipping/Detalhe/1048. Acesso em: 20 mar. 2020.

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